Quem vê a beleza não envelhece.
- Fernando Dório
- 17 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Já percebeu como o tempo parece passar de forma diferente para certas pessoas? Não me refiro às linhas de expressão, ao corpo que muda, mas àquele brilho no olhar que se mantém, mesmo com os anos. Para Kafka, essa "faculdade de ver a beleza" não tem a ver com uma busca por coisas extraordinárias, mas com a capacidade de perceber o que está à nossa volta, no cotidiano.
Ver a beleza é algo que transcende o estético. Pense na última vez que você teve uma conversa sincera, onde sentiu que foi ouvido de verdade. Isso também é beleza. Ou então naquele momento em que, mesmo enfrentando um dia difícil, encontrou conforto em algo pequeno — talvez o som da chuva, o sorriso de alguém próximo ou o cheiro de café pela manhã.
Na psicoterapia, quando nos abrimos para a nossa insegurança, começamos a enxergar em nós aspectos que antes preferíamos evitar. O que nos envelhece, muitas vezes, não é o tempo, mas a rigidez com que lidamos com nossas experiências. E isso, pode nos tornar insensíveis ao que nos rodeia. Vamos nos fechando, presos a padrões repetidos de pensamento, incapazes de nos encantar com o novo, o inesperado. Quando a vida vira rotina sem pausa para reflexão, o mundo perde a cor, e nossa alma, de certa forma, envelhece.
Mas quem se permite ver a beleza é capaz de manter-se aberta ao mistério da vida. Não se trata de negar o sofrimento ou fingir que tudo é fácil, mas de escolher, mesmo nos momentos mais difíceis, enxergar algo além da dor. E é assim que, aos poucos, nos tornamos mais leves.
Como você tem visto a beleza ultimamente? Será que, às vezes, não está tão focado em uma ideia fixa de futuro que se esquece de olhar ao redor?
Quando nos permitimos ver a beleza, a passagem do tempo deixa de ser uma ameaça e passa a ser um aliado no nosso processo de transformação.
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